terça-feira, 29 de dezembro de 2015

“O vento não pode derrubar uma árvore de grandes raízes”. E foi com essa frase que ela me ganhou. Ela pensava da mesma forma que eu, apesar de sermos completamente diferentes. 22 de Novembro, 16:51, numa troca de olhares entre uma mesa e outra naquela lanchonete que costumava frequentar, eu a conheci. Ela foi a primeira garota com quem tive a audácia de passar o que eu chamava de barreira do respeito e me apresentava formalmente, puxava papo e até tive a coragem de pedir o número telefônico. Não hesitei em mandar mensagem no dia seguinte, apesar de ser contra as regras. Eu realmente seguia a risca tudo quanto era regra, afinal fui treinado pra ser assim. Na semana seguinte nos encontramos de novo na mesma lanchonete que anos depois viria ser nosso “ponto de equilíbrio”. Sempre que brigávamos e um queria pedir desculpa, era pra lá que íamos. Mas isso é uma longa história que no momento não tenho tempo de relatar. Ela repetiu a mesma frase quando tive a certeza que havia brecha pro primeiro beijo, isso dois meses depois de longos encontros e brincadeiras. Lembra do lance do respeito? Eu realmente sigo ele a vera. Mas voltando... Foram looooooongos dois meses pra conseguir a confiança parcial dela e prová-la que eu era diferente dos outros e cada longo mês de paciência que tive me recompensaram no final. 22 de Novembro, 14:47, ela entrava na igreja vestida de branco e dama de honra e toda aquela baboseira que ninguém acreditava que eu seria capaz de participar, mas por ela valia qualquer coisas que as outras pessoas chamavam de sacrifício, mas que pra mim nunca foi, afinal cada sorriso dela era mais como uma benção do que sacrifício. Mês seguinte voltávamos da nossa lua de mel e a rotina tomou conta das nossas vidas. Na maioria das vezes ela era nossa aliada, eu disse na maioria das vezes. Mas a alegria de ter aquele sorriso voltado pra mim todas as noites me fazia esquecer tudo de ruim que aconteceu no dia. Passamos a ter as mesmas manias, as mesmas esquisitices, as mesmas palhaçadas e nunca deixamos de ser aquele casal que parecia só ter meses de namoro. Vergonha era o que eu mais fazia ela passar na rua, afinal sempre fui um palhaço. Dois anos depois tivemos nosso primeiro e único filho. No começo realmente foi complicado. Eu não conseguia entender  as mudanças de humor dela. Certo que eu era palhaço, atrapalhado, derrubava tudo o tempo todo, vivia pedindo calma pra ela, vivia me esbarrando nas coisas e não conseguia decifrar os grunhidos que ela dava toda vez que eu esquecia algo, mas realmente, tinha motivo pra se estressar? Mas sempre no final de tudo ela me agradecia por tá do lado dela, por estar apoiando ela e principalmente por nunca tê-la abandonado nos momentos mais difíceis e aquilo meu amigo, era o combustível perfeito pra no outro dia eu fazer tudo de novo sem pensar duas vezes. Depois de alguns anos ela novamente repetiu essa frase quando renovamos nossos votos diante das nossas famílias e emocionada pela perda de alguns, lá estávamos nós vivendo nossos sonhos. Provando pra nós mesmos que ainda existe amor como na época dos nossos pais. Compreensivo, honrado e eterno. Tínhamos uma vida relativamente perfeita e aquela frase fazia todo sentido, mesmo depois de 22 de novembro de algum ano aí que nem consigo mais me recordar com a memória ruim, ela se foi depois de muita luta contra a doença. Enquanto eu lia pra ela nosso livro predileto naquele leito gelado de hospital, ela me pediu pra não chorar e repetiu a frase das nossas vidas. Eu finalmente compreendi que a árvore que plantamos e regamos com paciência, cresceu e realmente fincou. O que vivemos jamais será esquecido e milhões de páginas nunca contarão tudo que tive ao lado daquela que era a mulher da minha vida. Nossa raiz era tão forte que se eu não fosse cético, acreditaria que ela seria minha tal alma gêmea. Nossa raiz era tão forte que anos depois, me emocionava vendo nossas fotos salvas no e-mail e ao mesmo tempo que batia o vazio de saudade, meu coração inflava por saber que minha missão de ser feliz tinha sido completada com sucesso. E é essa mensagem que deixo pra vocês. Assim como uma árvore, um amor leva muuuuuuuito tempo pra se blindar e tornar-se indestrutível.

domingo, 27 de dezembro de 2015

Eu quero a rotina. Quero você na minha rotina. Quero a rotina de te perguntar se dormiu bem, se tá bem, se precisa de ajuda... Não porque é automático, não porque meus dedos já sabem onde deslizar pra te mandar tais mensagens e já digitam seu número sem nem olhar pra tela do celular. É que a rotina já me faz pensar em você involuntariamente, já me preocupo com você involuntariamente, é automático como a respiração. É inevitável como os olhares que lanço em direção a sua boca, desejando ela a cada minuto que tenho contigo. Eu quero a rotina de me sentir necessário em sua vida, mesmo que seja pra coisas banais como levar a toalha no banheiro ou te passar o açúcar no café da manhã. Não porque te acho incapaz, mas porque valorizo sua vontade em confiar em mim pra te ajudar. Como naquele jantar que fiz pra você impressionar os amigos da sua empresa e socializar com seus superiores. Eu quero a rotina de te ligar espontaneamente pra te perguntar que vai fazer depois do trabalho e se topa um programa diferente de sofá, cerveja e vídeo game a noite toda. Eu quero a rotina de te vigiar tentando fritar um ovo e fechando a cara aborrecida por ele ter grudado na frigideira e eu tendo que me meter mais uma vez pra você não tocar fogo na cozinha. Quero a rotina de dormir de conchinha todas as noites contigo, não por obrigação, mas porque o calor do seu corpo bate certo com o frio do ar condicionado do nosso quarto e me proporciona a temperatura perfeita pra ter as melhores noites de sono do mundo. Quero que a rotina seja nossa aliada e nos fortaleça a cada dia. Porque até na rotina quando se há amor e respeito, admiração e vontade... O resto é só proveito. Tudo se torna mais fácil e nada se complica. E que a rotina me permita dizer que te amo, mesmo que subliminarmente num beijo rotineiro na sua testa e me faça perceber que a rotina sem você, seria só uma coisa chata.